imagem em http://tubes.ominix.com/art/holiday/valentine/ (link perdido)Passei muitos e bons anos da vida ao lado do velho amigo R.C..
Entre as suas qualidades conta-se uma inevitável queda por tudo quanto mexa e use saias.
Queda essa que eu partilho, embora com modéstia quanto ao sucesso.
Sofri na pele os caprichos do homem.
Como da vez em que cheguei derrotado a Saragoça, morto de sono, e tive mesmo assim de completar a viagem até Barcelona, porque o homem, em vez de estar preparado para me substituir ao volante, tinha deixado que as musas o inebriassem e estava impróprio para prosseguir viagem a menos que fosse de pendura.
Actuámos em palcos dessas espanhas.
Jantámos em inglês em tocos de árvores da capital francesa, irrepreensívelmente ataviados, apenas para acirrar os passantes contra os moços do outro lado do canal.
Corremos Ceca e Meca e o vale de Santarém, metendo copos, mulheres e trabalhos, muitos trabalhos pelo meio.
Mas naquele dia, tratava-se apenas de um insuspeita incursão aos Algarves daquém-mar.
Coisa outonal.
A paragem para o pequeno-almoço foi na costa transtagana. Em casa de família.
E aí apareceu a Filipa.
Que nem um nem outro conhecíamos.
A Filipa era mais corpo. Pernas e busto. Uma cara daquelas de lavar como a roupa branca.
Mas disse uma coisa que jamais seria esquecida.
Foi quando mencionou aquele acidente numa estrada com dois sentidos.
No dia seguinte, pela manhã, ao entrar no escritório, reparei no mapa das obras.
Entre os pins verdes, vermelhos e azuis, havia um coração. Verde.
Estava espetado na costa alentejana.
P.S. Este post foi influenciado pela gentil deferência do amigo
Santos Passos