Pensar que a força conjunta que parte hoje para a Turquia (chegará lá cerca de 72 horas depois do primeiro sismo) vai efectuar algum tipo de salvamento relacionado com tal evento é puro lirismo.
Como dizia há dias um responsável da área da Protecção Civil, ou há uma força de reacção rápida com a prontidão necessária ou então esta só serve para o resgate de cadáveres e muito pouco mais.
Para quem se lembra, Paco Rabanne sobreviveu quase 24 anos ao fim do Mundo.
Portantes, se os chineses quisessem mais informações sobre o território americano do que já têm, não se lembrariam de nada melhor do que enviarem um enorme, lento e logo conspícuo balão.
O mundo só dá sinais de grande competição para a entrada no manicómio, como dizia Fernando Pessoa, aliás Bernardo Soares:
"Na vida de hoje, o mundo só pertence aos estúpidos, aos insensíveis e aos agitados. O direito a viver e a triunfar conquista-se hoje quase pelos mesmos processos por que se conquista o internamento num manicómio: a incapacidade de pensar, a amoralidade e a hiperexcitação."
Passou quase um século e tudo vai na mesma.
Ouvi hoje, pela primeira vez (nem todos os dias estou com atenção às notícias) uma senhora advogada dizer que não é razoável proibir alguém de contactar com outrem, desde que ambos estejam de acordo com esse contacto.
Anos e anos a ouvir que A ficou proibido de contactar com B, sendo A e B interessados nesse contacto, e só hoje ouço alguém demonstrar o ridículo da Lei.
Disse ainda a mesma senhora que os juízes estão mal preparados para lidar com as possibilidades que a técnica proporciona hoje ao comum dos mortais.
Diria eu que nada disso me espanta, dada a base de recrutamento dos magistrados. Mas isso são outros quinhentos.
Fiquei satisfeito a ouvir a senhora. Haja quem!
“Meninos às compras!” – asseverava o velho M. quando via uma jogada mal enjorcada (dizíamos enjeirocada) na suecada nocturna debaixo das arcadas da praceta e com o olho à espreita do polícia de giro.
É dele que me lembro e da sua expressão quando vejo as notícias. Meninos às compras com o dinheiro de todos.
Isto não tem nada de novo.
Os simples encartados, certificados e carimbados acham de bom tom dizer bi em vez de mil milhões.
O PM acha que o que preocupa o povo é a inflação e a subida dos juros.
Se ele pensa de facto assim, o retrato está bem feito.
1 - O que será um “palco* para um milhão e meio de pessoas" no dizer de Carlos Moedas?
2 - Que desgraça acontecerá se se enfiarem em simultâneo um milhão e meio de pessoas num espaço de cerca de 39,5 ha?
imagem do Google Earth
* Palco - na acepção de palanque, estrado, tribuna.
Adenda ainda a tempo:
Quanto ao ponto 2, dado que a área do evento engloba uma parte na margem esquerda do rio Trancão, a densidade da multidão será menor e ficará talvez em valores aceitáveis.
O que parece então pouco seguro é ter a área ocupada dividida por um rio.
Será pelos vistos construída uma ponte, criando um perigoso afunilamento.
Imagem do jornal Público
trecho de notícia da CNN Portugal
Se é verdade que o autor das ameaças a Marcelo Rebelo de Sousa indicou uma conta bancária onde deveria ser depositada determinada quantia, em que é que consistiu a aturada investigação que a polícia científica terá feito, que segundo as notícias levou à detenção, três meses depois, do presumível autor?
Tratou-se apenas de o localizar? De despistar uma eventual trama contra o titular da conta?
Nenhum jornalista se interrogou a propósito?
Dizem que esta geração e é sempre esta geração, ainda que o tempo passe, a mais bem preparada de sempre.
Ora o preocupante é o nível infantil dos alertas para o frio – vistam roupas quentes, etc. Destinam-se a esta geração, que ainda que o tempo passe, é ela a mais bem preparada de sempre.
Se uma câmara municipal tem um quadro técnico destinado entre outras coisas a acompanhar obras, qual é a necessidade de contratar serviços externos para o mesmo fim?
Creio que seja um processo muito comum em serviços do Estado que contam com quadros para o mesmo fim.
São redundâncias que precisam de uma justificação outra que não seja dar trabalho aos amigalhaços.
Num tempo de direitos, sou totalmente pelo direito de cada um viver no inferno que reinvindica.
"[...] clima seco e de neve" - dizem os papagaios da CNN Portugal.
António Costa acha injusta a situação dos professores com vínculo precário.
Disse isto a uma plateia de socialistas.
É bom que se vá preparando para a eventualidade do PS chegar ao governo e de ele próprio ser primeiro-ministro. À cautela...
É sempre o lixo social que pratica estas façanhas.
Estranho sempre que estes crimes sejam equiparados a um vulgar furto.
Tenho tido azar com os professores entrevistados que ouvi a propósito das greves e manifestações em curso.
Não lhes entrevi fio de raciocínio, noção das proporções, ideias sensatas. Só bordões de linguagem, reivindicações epidérmicas e muito pouco mais.
Não nego que há razões suficientes para melhorar as condições de trabalho dos professores. Mas o que se vê é um deserto intelectual que bate certo com a irracionalidade que campeia na grande massa dos alunos.
A classe docente a que em tempos pertenci, quando já se encontrava muito desprestigiada, está hoje representada por arraiais, com apitos e flautas.
Custa perceber como gente que não se dá ao respeito exige ser respeitada.
Fotografia de António Pedro Santos / Lusa, via CNN Portugal
When I'm Sixty-Four
The Beatles
When I get older losing my hair
Many years from now
Will you still be sending me a Valentine
Birthday greetings, bottle of wine
If I'd been out till quarter to three
Would you lock the door
Will you still need me, will you still feed me
When I'm sixty-four
You'll be older too
And if you say the word
I could stay with you
I could be handy, mending a fuse
When your lights have gone
You can knit a sweater by the fireside
Sunday mornings go for a ride
Doing the garden, digging the weeds
Who could ask for more
Will you still need me, will you still feed me
When I'm sixty-four
Every summer we can rent a cottage
In the Isle of Wight
If it's not too dear
We shall scrimp and save
Grandchildren on your knee
Vera, Chuck & Dave
Send me a postcard, drop me a line
Stating point of view
Indicate precisely what you mean to say
Yours sincerely, wasting away
Give me your answer, fill in a form
Mine for evermore
Will you still need me, will you still feed me
When I'm sixty-four, hoo
John Lennon / Paul McCartney
E a resposta é não!
A turbamulta é o que é. A Globo força a nota e repete-lhe amiúde a classificação de terrorista.
Por muito que se tema a energia destruidora da mole, o terrorismo é outra coisa.
Passam os séculos e a turbamulta continua a agir da mesma forma – arrasando tudo o que pode e onde pode.
É deixá-la à solta e dar-lhe força.