Aqui há dias as cadeias internacionais de televisão davam conta de uma estranha criatura encontrada nos mares do Japão, nomeando-a de fóssil vivo. Uma expressão que surge de vez em quando.
Confesso que no imediato as imagens me pareceram inventadas. Tal como me pareceu montagem a foto ganhista de anteontem. O que só dá conta que o meu lado desconfiado de bom alentejano prepondera.
Mas passando à frente, a parábola está na designação: fóssil vivo. Uma criatura que teria provindo das profundezas do tempo num estalar de dedos, foi mais ou menos o que se ouviu então.
Denota esta parábola a imagem cega que têm as massas, plasmadas nestes canais de informação, do mundo e do tempo que as envolve.
Não existe tal coisa - um fóssil vivo. Se está vivo e nos é contemporâneo, é uma forma de vida tão moderna como a nossa. Uma evidência lapalissiana.
Se o seu aspecto nos é estranho e se confunde com as fantasias que temos das criaturas de muito remotas épocas, misturar uma coisa com a outra já é um sinal dos tempos.
O fóssil vivo, a existir, é a pedra que julga que pensa. E tantas elas são.