Está a passar-se com a língua um fenómeno semelhante ao que se passou com a paisagem: os simples, importando sem critério - por impossibilidade própria da sua simplicidade - os traços das construções que haviam divisado em terras distantes, cedo se deitaram a copiá-los com as consequências desastrosas que todos conhecemos.
A língua está a ser sujeita a uma das maiores transformações desde o "chic a valer" e suas adjacências do princípio do século passado.
Uma classe iletrada e pouco dotada alcandorou-se aos bancos da universidade onde fez o seu caminho pelas sendas mais fáceis de trilhar. É em tudo permeável ao deslumbramento com as americanices linguísticas que absorve já não dos telexes das agências mas de qualquer sítio na internet* e do jargão profissional acrítico.
Por ignorar a nossa língua não faz a menor ideia de que existem há muito em português termos com o mesmo significado das americanices que profere. Umas vezes fá-lo por pura ignorância outras por pedantismo novo-rico.
*cedo nesta como em outras por não ter existido em português palavra que a substitua ou que o faça satisfatoriamente - rede não me parece grande opção embora a use por vezes quando o significado é inequívoco.